Por Paulo Ivo Rodrigues Neto – advogado
Essa é uma das perguntas mais ouvidas por advogados especializados em Direito de Família. O divórcio é um passo sério, que precisa ser enfrentado com calma, orientação adequada e, principalmente, muita reflexão.
Antes de tudo: pare, pense e sinta
Antes de procurar um advogado, o primeiro passo não é jurídico — é emocional. Avalie se essa decisão é fruto de um momento de raiva, mágoa ou frustração. Pergunte-se:
- Ainda há amor ou respeito entre nós?
- É possível reconstruir o diálogo?
- Já tentei buscar ajuda, como terapia individual ou de casal?
O divórcio não deve ser uma fuga, mas uma decisão consciente. E, uma vez tomada, precisa ser enfrentada com maturidade e clareza. Quando se tem certeza de que o vínculo emocional acabou, é hora de encarar os aspectos práticos e legais.
Divórcio “empobrece”. Reflita sobre isso.
Outro ponto que muitos esquecem: o divórcio quase sempre traz impactos financeiros.
- Dividir bens e patrimônios enfraquece a estrutura que foi construída a dois.
- Manter dois lares custa mais caro.
- Há, muitas vezes, pensão a ser paga ou recebida.
- A qualidade de vida pode ser afetada — especialmente quando não há planejamento.
Não é um motivo para permanecer em um relacionamento infeliz, mas é algo que precisa ser avaliado com frieza. Afinal, liberdade emocional e estabilidade financeira devem caminhar juntas.
Decidido a se divorciar? Veja o que fazer:
1. Procure um advogado de confiança
Mesmo nos divórcios amigáveis, a presença de um advogado é obrigatória. Ele orientará sobre seus direitos, deveres e como o processo será conduzido.
O mesmo advogado pode representar ambos se o divórcio for consensual.
2. Divórcio consensual ou litigioso?
- Consensual: quando há acordo entre as partes. Pode ser feito em cartório, desde que não haja filhos menores ou incapazes.
- Litigioso: quando não há acordo. É resolvido judicialmente, e cada parte terá seu advogado.
3. Documentos básicos
Tenha em mãos:
- Certidão de casamento;
- Documentos pessoais;
- Certidão dos filhos;
- Documentos de bens e contas;
- Comprovantes de residência e renda.
4. Guarda dos filhos e pensão alimentícia
- A guarda compartilhada é a regra geral, sempre priorizando o bem-estar dos filhos.
- A pensão é calculada com base na necessidade de quem recebe e na possibilidade de quem paga.
5. Partilha de bens
Depende do regime de casamento:
- Comunhão parcial: divide-se o que foi adquirido durante o casamento.
- Comunhão universal: todos os bens são divididos.
- Separação total: cada um fica com o que está em seu nome.
divórcio é recomeço, mas exige responsabilidade
O divórcio pode ser o fim de um ciclo e o início de outro, mais saudável. Mas é essencial que essa escolha venha de uma reflexão profunda — emocional e prática. Tenha clareza de que ele pode trazer paz, mas também exige preparo para desafios jurídicos, financeiros e familiares.
Se você sente que está nesse momento da vida, busque orientação profissional com calma e segurança. Não tome decisões importantes no calor da emoção. Afinal, divorciar-se é mais do que separar-se — é reorganizar a vida.